Desde que nascem, as pessoas têm os seus hábitos alimentares moldados por uma série de fatores relacionados ao ambiente em que vivem e às pessoas com as quais estão em contato. O modo e o tempo no qual são amamentadas, a introdução de alimentos complementares e o convívio social são alguns entre os vários fatores que influenciam a alimentação de uma criança. Quando a criança começa a receber alimentos que não o leite materno, ela começa a distinguir os sabores e estabelecer suas preferências. Essa é uma fase que precisa de muito cuidado, pois o excesso de doces, bolos e salgadinhos oferecidos às crianças pode fazer com que ela deixe de gostar de alimentos mais saudáveis e até se recuse a experimentar novos alimentos. Por isso, os pais ou responsáveis pela criança precisam cuidar da alimentação dos seus filhos e oferecer os alimentos recusados inicialmente várias vezes até que a criança aceite.
Em relação ao período escolar, particularmente, há um fator de influência na alimentação extremamente considerável: o convívio com os diferentes hábitos alimentares de seus colegas de classe. Quando uma criança com preferências estabelecidas é colocada com outras crianças de diferentes preferências, após poucos dias de exposição a primeira passa a escolher os alimentos preferidos pelo grupo em detrimento dos que inicialmente escolhia. As preferências e o padrão alimentar das crianças são moldados pela observação do comportamento alimentar de outras crianças. Por isso, diz-se que a criança em fase escolar é uma pequena “esponja”, capaz de absorver informações e aprender novos hábitos com facilidade.
Ainda no período escolar, as crianças recebem também muita influência dos hábitos alimentares de sua família, especialmente seus pais. As quantidades de comida que ingerem, a freqüência da mastigação e a escolha dos alimentos são imitados a partir dos hábitos dos pais. Se a família não possui uma alimentação saudável, isso pode ser a porta de entrada para vários problemas de saúde nas crianças, como a anorexia, a obesidade, a anemia, dentre outras. O contexto afetivo e emocional envolvido no momento da alimentação também pode influenciar as preferências alimentares da criança.
Algumas estratégias utilizadas pelos pais para que a criança coma toda a comida ou coma um alimento do qual não gosta, mas é considerado saudável (frutas e vegetais, por exemplo), pode ser prejudicativa. Um exemplo é a chantagem, estratégia que induz a criança a comer o que não gosta com a penalidade de que, caso contrário, ela não ganha a sobremesa. Isso faz com que a criança interprete que o alimento responsável pela chantagem é o alimento ruim enquanto o alimento dado como recompensa é o melhor.
Algumas preferências alimentares observadas em adultos como o doce, o salgado, alimentos ricos em gordura, o picante e o amargo, em prejuízo de alimentos saudáveis, são provavelmente resultado da interação destes diversos fatores aqui mencionados, por isso, a importância de se observar o contexto social ao qual a criança está envolvida e incentivar uma alimentação balanceada, a fim de que possa crescer de modo satisfatório e se tornar um adulto saudável.
Referências bibliográficas:
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CAPALDI, ELIZABETH D. (1996) Conditioned food preferences. In Capaldi, E.D. (Ed.) Why We Eat What We Eat: The Psychology of Eating (pp. 53-82). Washington, DC: American Psychological Association.
BIRCH, LEANN L; FISHER, JENNIFER O. Development of eating behaviors among children and adolescents. PEDIATRICS Vol. 101 No. 3 Supplement March 1998, pp. 539-549
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